Agricultura saudável
O princípio fundamental da agricultura biológica é o respeito pela natureza e a estrita proibição de pesticidas ou adubos químicos de síntese. O solo é também um dos pilares fundamentais: ao contrário da agricultura "tradicional" que empobrece e mata o solo, com a prática da agricultura biológica o solo é enriquecido. Toda a matéria orgânica não consumida é devolvida ao solo (e mesmo parte da consumida: o estrume). Com compostagem ou sem compostagem (adubação verde).
A agricultura biológica baseia-se na biodiversidade: para além de certas plantas atuarem como "defensoras" ou "ajudantes" de outras (consociações), se ocorrer uma devastação de uma espécie, por doença, praga ou intempérie, há uma grande probabilidade de outras espécies resistirem e não haver grandes perdas.
A agricultura biológica depende de uma miríade de insectos polinizadores, como as abelhas, e de insectos predadores de outros insectos "vegetarianos", cujo exemplo paradigmático é a joaninha, que é uma feroz devoradora de pulgões e outros pequenos insectos que atacam as plantas. Por isso, e porque a joaninha é extremamente sensível e só aparece onde não há aplicação de pesticidas, ela é o símbolo da agricultura biológica. Para os atrair, certas flores (como os cravos-de-tunes) e as plantas aromáticas são fundamentais.
A agricultura biológica é um termo que se usa para a agricultura "certificada", e tal como definida em regulamento da União Europeia (no caso do Brasil, chama-se agricultura orgânica). Neste tipo de agricultura são permitidos alguns produtos químicos menos agressivos para o ambiente, como o caso da calda bordalesa (mistura de cal e sulfato de cobre) e técnicas de "guerrilha biológica", como a "largada" de certos insetos predadores destinados a controlar determinada espécie que se tornou praga. Mas sempre, em último caso.
A agricultura ecológica não é gananciosa, pois sabe que precisa de "perder" uma parte das suas culturas para manter o equilíbrio do ecossistema. Por exemplo, os melros são predadores de caracóis, mantendo-os em número controlado. Mas há que contar que eles também vão comer uma parte dos frutos. No fim, chega para todos: para nós, para os pássaros, para os bichinhos vegetarianos e para os insectos predadores...
A agricultura natural tem como princípio a prevenção e o equilíbrio com base no conhecimento dos ciclos e relações na natureza, e evita a todo o custo intervir para remediar. Mas por vezes, desequilíbrio acontecem. E não é por termos uns determinados bichinos por nós indesejados numa ou outra planta que temos uma praga, pois isso é natural. Considera-se uma praga quando uma grande parte de determinada espécie está a ser atacada. Nesses casos, a agricultura natural aplica alguns produtos e técnicas também naturais, como é o caso do chá ou do chorume de urtiga (insecticida natural). E a seguir, tenta descobrir porque é que esse desequilíbrio aconteceu, para tentar evitá-lo no futuro.
No fundo, agricultura biológica, agricultura natural ou ecológica, permacultura ou agrofloresta são as facetas da agricultura saudável: aquela que, e por oposição à "tradicional do século XX" (a da "Revolução Verde"), não nos envenena, não envenena o solo, a água ou o ar! Antes pelo contrário!
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