Roy conta que frequentou as melhores escolas do país e que, por conta disso, seu destino seria se torna médico, professor ou diplomata. “O mundo inteiro estava ao meu alcance. Tudo estava aos meus pés. Eu não poderia fazer nada de errado. E aí pensei, só de curiosidade, eu gostaria de viver e trabalhar e simplesmente ver como era um povoado”, diz.
Assim, ele foi para um povoado no estado de Bihar na Índia, e viu de perto a extrema pobreza e pessoas morrendo por inanição. “Isso transformou minha vida”, conta. Depois dessa experiência, Roy decidiu mudar de vez o rumo de sua vida e criar uma universidade exclusiva para pessoas pobres, que refletisse o que era realmente importante para elas e reforçasse as habilidades e conhecimento que possuíam.
A Universidade Barefoot não possui professores diplomados, e sim pessoas detentoras de habilidades que possam ser oferecidas à comunidade, que tenham competência, confiança e convicção, como vedores, parteiras e oleiros. “Estes são profissionais no mundo inteiro. Isto precisa ser usado, aplicado, precisa ser mostrado ao mundo afora – que este conhecimento e habilidades são relevantes ainda hoje”, opina.
Seguindo os estilos de vida e trabalho de Mahatma Gandhi, a faculdade não possui contratos formais, todos comem, dormem e trabalham no chão e ninguém ganha mais de R$185 por mês. “Só pelo dinheiro você não vem para a Universidade Barefoot. Mas sim pelo trabalho e desafio. Nós queremos que você tente criar as idéias. É a única faculdade onde o professor é o aprendiz e o aprendiz é o professor”, diz. Além disso, é a única universidade onde não se confere diplomas, “você é certificado pela comunidade que serve”, conta Roy.
Com base nesses princípios, os alunos da universidade construíram o campus da instituição, instalaram painéis solares, impermeabilizaram os telhados e cultivaram diversas plantas onde diziam que o solo era infértil. Lá também se cozinha em fornos solares, se coleta a água da chuva e têm avós analfabetas que são dentistas. Nas escolas noturnas (já que é o único horário em que as crianças podem estudar) se ensina lições de democracia, cidadania, como medir terras e cuidar de animais doentes.
Conhecimento repassado
As mulheres que passam pela universidade também têm a chance de repassar seus conhecimentos para outras mulheres, de outros países e vilas, que, por sua vez, multiplicam os ensinamentos com os moradores de suas comunidades. Assim, habitantes de vilarejos da índia, Afeganistão e Serra Leoa já estão instalando painéis solares e construindo habitações sustentáveis com base nos ensinamentos dessas avós.
“Acho que não precisamos procurar soluções lá fora”, diz Roy. “Procure soluções no interior e ouça as pessoas que têm as soluções na sua frente. Elas estão no mundo inteiro. Não ouça ao Banco Mundial, ouça às pessoas ao seu redor. Elas têm todas as soluções”, concluem.
Assista abaixo à palestra na íntegra (para ver com legenda em português, selecione a opção ao lado do play):
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