A seca é um desafio, não um problema. E eu posso desafiá-la também" | |||||
| |||||
Na área da barragem subterrânea, Abelmanto ainda está colhendo mandioca, para reforçar a alimentação dos animais, e macaxeira para a dieta familiar. A última vez que caiu água do céu foi há cinco meses e apenas uma garoa que acumulou 25 milímetros de água. No mês anterior, choveu um pouco mais: 35 mm. No periodo de outubro a dezembro, esperava-se uma chuva de 290 mm, mas só choveu 70 mm. Em 2010, pelos seus cálculos, choveu 590 mm, quando a média pluviométrica é em torno de 650 a 720 mm. Além da mandioca e da macaxeira, ele plantou também, na área de influência da barragem subterrânea, culturas que servem de forragem para os animais: capim de corte, sorgo forrageiro, girassol, mandioca, etc. Em alguns meses de 2011, o agricultor conseguiu estocar uma tonelada e meia de feno. Atualmente, restam 472 kg da forragem armazenada que, pela sua projeção, dura mais três ou quatro meses, caso seja oferecida junto à palma forrageira e ao mandacaru. Ele explica que o feno garante a fibra na dieta animal, o que evita problemas de infecção intestinal comum no rebanho que só ingere palma e mandacaru, alimentação bastante oferecidas aos animais em tempos de seca. Abel tem 54 caprinos e ovinos, destes 14 foram adquiridos após a seca se instalar. E a ração que armazenou desde o último inverno (maio-junho) nutre bem o rebanho, cujas cabras têm produzido sete litros de leite por dia. “Quem vem me visitar se admira com o que vê. O comum é as pessoas se desfazerem dos seus rebanhos porque falta água e alimento”, diz ele. De fato, um importante indicador de impacto da seca é a quantidade de animais abatidos pela inviabilidade de mantê-los com vida. “A gente se sente mais seguro, mais tranquilo, porque a seca não é um problema, é um desafio. Se a gente vê como um problema, se acomoda. Se é um desafio, nós podemos também desafiá-la”, assegura o agricultor agroecológico, que ainda tem cedido a água acumulada na cisterna-calçadão para cinco famílias vizinhas. Um dos desafios trazidos pela seca é a manutenção do cultivo de hortaliças. As folhas e legumes são muitos suscetíveis ao calor e exigem uma boa quantidade de água para se desenvolverem. Mesmo assim, Abelmanto conseguiu produzi-las para consumo da família até o mês de março. A produção maior para vender na feira foi suspensa seis meses antes. A restrição das folhas e legumes na dieta familiar é, sem dúvida, um impacto na qualidade nutricional da alimentação, mas a mesa da família de Abelmanto pode ainda contar com o leite de cabra e derivados, além da proteína da carne vermelha que vem da sua criação. Sem hortaliças pra vender na feira, o agricultor calcula uma redução na renda mensal de 20 a 25%. Comparada à situação de outras tantas famílias agricultoras sem tecnologias de armazenamento de água, é uma condição bem mais amena. “A situação apertou um pouquinho, mas dá pra viver.” Perguntado qual recado daria à presidente Dilma se tivesse oportunidade, ele respondeu: “Diria a presidente Dilma deve que investisse mais na construção de tecnologias como as cisternas-calçadão e as barragens subterrâneas. Com elas (cheias), produzimos independente de chuva. O caminho que precisa ser adotado com firmeza é o das tecnologias simples que ajudam a armazenar a água da chuva”. | |||||
NOTÍCIAS RELACIONADAS | |||||
Com duas cisternas, família de Adão resistiu até o momento à estiagem. Mas prognóstico é de dificuldades futuras | |||||
Tecnologia comunitária é única fonte de água doce para família de Luís Magno e Fátima | |||||
A seca de 2012 não afeta de forma igual as famílias agricultoras |
Páginas
Princípios da Agroecologia
Agricultura sustentável tem que considerar aspectos socioeconômicos e culturais dos grupos sociais implicados. Não basta proteger e melhorar o solo ou a produtividade agrícola se não resulta em melhorias nas condições de vida das pessoas envolvidas. Portanto, agricultura sustentável é um conceito que implica aspectos políticos e ideológicos que tem a ver com o conceito de cidadania e libertação dos esquemas de dominação impostos por setores de nossa própria sociedade e por interesses econômicos de grandes grupos, de modo que não se pode abordar o tema reduzindo outra vez as questões técnicas.
Francisco Roberto Caporal
http://www.aba-agroecologia.org.br/
grãos
Como os lobos mudam rios
Como se processa os animais que comemos
Rio Banabuiu
A VERDADE SOBRE O CANCER
quinta-feira, 10 de maio de 2012
A seca é um desafio, não um problema
BANIR AGROTÓXICOS.
Assine o Abaixo-Assinado virtual que pede o banimento dos agrotóxicos já proibidos em outros países do mundo e que circulam livremente no Brasil.
A Campanha tem o objetivo de alertar a população sobre os perigos dos agrotóxicos, pressionar governos e propor um modelo de agricultura saudável para todas e todos, baseado na agroecologia.
Assine já, pelo banimento dos banidos! Entre no link abaixo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário