Princípios da Agroecologia

Agricultura sustentável tem que considerar aspectos socioeconômicos e culturais dos grupos sociais implicados. Não basta proteger e melhorar o solo ou a produtividade agrícola se não resulta em melhorias nas condições de vida das pessoas envolvidas. Portanto, agricultura sustentável é um conceito que implica aspectos políticos e ideológicos que tem a ver com o conceito de cidadania e libertação dos esquemas de dominação impostos por setores de nossa própria sociedade e por interesses econômicos de grandes grupos, de modo que não se pode abordar o tema reduzindo outra vez as questões técnicas.

Francisco Roberto Caporal

http://www.aba-agroecologia.org.br/

grãos

"Muita gente pequena, em muitos lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, mudarão a face da Terra". provérbio africano

Como os lobos mudam rios

Como se processa os animais que comemos

Rio Banabuiu

https://youtu.be/395C33LYzOg

A VERDADE SOBRE O CANCER

https://go.thetruthaboutcancer.com/?ref=3b668440-7278-4130-8d3c-d3e9f17568c8

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O que está em jogo é o futuro da espécie e não o sistema econômico

O que está em jogo é o futuro da espécie e não o sistema econômico

Já disse neste espaço que as contribuições semanais do jornalista
Washington Novaes de O Estado de São Paulo estão entre as melhores que
se publicam na grande imprensa brasileira. Sempre atualizado,
pertinente e com o enfoque nas mudanças necessárias. Este artigo é
importante porque vários nomes da economia brasileira ou comentaristas
econômicos estão despertando para a gravidade da crise ecológica e dos
limites físicos do planeta Terra como André Lara Resende, Delfim Neto,
Luiz Gonzaga Beluzzo e Miriam Leitão entre outros.Quando os
economistas falam nestes assuntos é sinal de que a crise deve ser
levada a sério, pois são eles que, por profissão, pensam a lógica e o
destino do processo econômico, especialmente, o vigente, de viés
capitalista em plena crise de seus fundamentos.
*****************

É curioso e inquietante. À medida em que se vai o tempo e se aproxima
o momento da realização da conferência Rio + 20 (que será em junho, no
Rio de Janeiro), mais freqüentes se tornam as manifestações de dúvidas
quanto à possibilidade de a discussão avançar em direção a formatos
concretos de “governança planetária sustentável” e “economia verde” no
plano global – seus temas centrais. Por que caminhos práticos e
viáveis se chegaria aí, quando, neste momento de crise universal,
nenhum país parece disposto a abrir mão de suas regras internas nem
abandonar os tradicionais caminhos de aumentar a demanda,
sobrecarregar o consumo de recursos naturais, para favorecer o
crescimento econômico ? Como deixar de lado as fórmulas repisadas, do
monetarismo absoluto ao keynesianismo e vizinhanças?

E, no entanto, lentamente a discussão e o noticiário parecem
aproximar-se de um limite indesejado e execrado até em palavras – o da
finitude dos recursos físicos, num momento em que o consumo global já
está mais de 30% além da possibilidade de reposição planetária; em que
já se perdeu também mais de 30% da biodiversidade total; e ainda é
preciso avaliar as conseqüências de a população mundial caminhar dos 7
bilhões de indivíduos de hoje para 9 bilhões, pelo menos, até 2050. E
isso obrigará só a produção de alimentos – para ficar em um único item
– a aumentar 70%. Sem falar no bilhão de pessoas que passam fome, nos
40% da humanidade que vivem abaixo da linha da pobreza.

Bem ou mal, entretanto, o tema vai chegando à comunicação, com a força
de diagnósticos e opiniões de economistas e outros intelectuais
conceituados. Um deles (Os novos limites do possível) é do
ex-presidente do BNDES e um dos autores do bem-sucedido Plano Real,
André Lara Resende, que há poucos dias o publicou no jornal Valor
(20/1/12 e ver O Globo de 5/2/12). Ali, entre muitas coisas, afirma
ele que “não há mais como pretender que a economia mundial poderá
continuar a crescer (…) Não há mais como contar com o crescimento da
demanda de bens materiais para crescer. O crescimento pode não ser
mais a opção de saída para a crise (…) Não há como viabilizar sete
bilhões de pessoas com o padrão de consumo e as aspirações do mundo
contemporâneo, nos limites físicos da Terra (…) O crescimento baseado
na expansão do consumo de bens materiais está no seu capítulo final”.
Subscrevendo a tese do economista Paul Gilding, da Universidade de
Cambridge, pensa ele que “seremos obrigados a enfrentar uma parada
brusca profundamente traumática”. E a reorganização da economia é
“questão de, no máximo, uma década”.

Parece curiosa a evolução do pensamento do ex-presidente do BNDES.
Porque no livro O Rio é tão longe” (Companhia das Letras, 2011), que
traz a correspondência de décadas entre Otto Lara Resende e Fernando
Sabino, o pai de André, numa carta de 1959, conta que o filho, então
com oito anos de idade, perguntou à mãe: “Se Adão e Eva não tivessem
pecado, ninguém morria. Então, como é que ia caber tanta gente na
Terra e como é que ia todo mundo comer ?” Observava Otto que “esse
menino vai longe, acaba na Cofap.” Foi muito além,chegou à autoria,
com outros economistas, dos planos Cruzado e Real, à presidência do
BNDES, muitos caminhos. Mas agora, meio século depois, continua
preocupado com a finitude de recursos.

Essa inquietação já estava presente no livro O que os economistas
pensam da sustentabilidade (Editora 34 – 2010), já comentado neste
espaço, onde André Lara Resende afirma que “estamos ameaçando
perigosamente o sistema ecológico”; essa idéia “é absolutamente
verdadeira e tem de ser enfrentada (…) Mais crescimento pode se tornar
menos bem-estar (…) A restrição ecológica, sobre a qual não se
prestava atenção porque parecia distante, hoje é premente”. E, pesando
sobre tudo, a frase que se torna um desafio para os economistas e
todos os que pensam: “O Estado-Nação se tornou uma coisa anacrônica
(…) Você tem de ter um governo central, é óbvio, mas o mundo ficou
pequeno (…) Quem está ameaçada é a humanidade, não o ecossistema”.
Desafios gigantescos, compartilhados – em parte ou não – no livro com
professores como Ricardo Abramovay, Edmar Bacha, Eduardo Giannetti,
José Eli da Veiga, Besserman Vianna e vários outros. Abramovay chega a
dizer que “o que está em jogo, hoje, em torno de uma questão de
sobrevivência da espécie humana, não apenas da sobrevivência do
sistema capitalista, mas da democracia e da civilização contemporânea,
é a capacidade das economias descentralizadas de responder ao desafio
da sustentabilidade”.

Sempre surgem vozes que colocam em dúvida diagnósticos com os do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Organização
para a Alimentação e a Agricultura (ONU), Worldwatch Institute, WWF e
muitos outros, que apontam para a inviabilidade dos caminhos que estão
levando à exaustão de recursos – e à impossibilidade de, nos atuais
padrões de produção, atender ao consumo futuro.Mas basta relembrar o
estudo publicado já em 2007 pela revista New Scientist, comentado aqui
(27/7/2007), mostrando que em pouco tempo de esgotarão as reservas
conhecidas de vários dos minérios mais utilizados, inclusive em
setores estratégicos, como chips de computadores, telefones celulares,
catalisadores de veículos, células d combustível. Eles dependem de
platina, índio, háfnio, térbio, tântalo, antimônio, zinco, cobre,
níquel, fósforo e outros, todos com horizonte curto.

Ainda uma vez, é preciso pensar na situação privilegiada do Brasil em
várias áreas – háfnio, níquel, tântalo, alumínio, estanho. E conceber
estratégias adequadas, não apenas em termos econômicos, de crescimento
de mercados, projeções de demandas etc. – mas de sustentabilidade. E
não apenas em termos nacionais, mas globais. Os tempos que estão
chegando são outros. É preciso ter competência e urgência.

Publicado em O Estado em 10/2/12 sob o titulo: Os economistas dizem o
que está em jogo.

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