Princípios da Agroecologia

Agricultura sustentável tem que considerar aspectos socioeconômicos e culturais dos grupos sociais implicados. Não basta proteger e melhorar o solo ou a produtividade agrícola se não resulta em melhorias nas condições de vida das pessoas envolvidas. Portanto, agricultura sustentável é um conceito que implica aspectos políticos e ideológicos que tem a ver com o conceito de cidadania e libertação dos esquemas de dominação impostos por setores de nossa própria sociedade e por interesses econômicos de grandes grupos, de modo que não se pode abordar o tema reduzindo outra vez as questões técnicas.

Francisco Roberto Caporal

http://www.aba-agroecologia.org.br/

grãos

"Muita gente pequena, em muitos lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, mudarão a face da Terra". provérbio africano

Como os lobos mudam rios

Como se processa os animais que comemos

Rio Banabuiu

https://youtu.be/395C33LYzOg

A VERDADE SOBRE O CANCER

https://go.thetruthaboutcancer.com/?ref=3b668440-7278-4130-8d3c-d3e9f17568c8

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

AS-PTA (boletim@aspta.org.br)Número 574 - 17 de fevereiro de 2012
Car@s Amig@s,
Uma reportagem publicada no último mês no jornal inglês The Guardian relata o drama de uma região da Índia que no passado foi intensamente pulverizada com o herbicida endossulfam e hoje tem 50% dos domicílios com um adulto ou uma criança sofrendo severas deficiências.
Nos anos 1980 e 1990 helicópteros eram frequentemente vistos sobre os distritos de Kasagod, no estado de Kerala, e de Dakshina Kannada, em Karnataka. Duas ou três vezes por ano eles voavam baixo para pulverizar agrotóxicos em pomares de caju plantados em áreas recém-desmatadas. Havia cerca de 60 comunidades ao redor das plantações, que produziam castanhas para o mercado indiano e para exportação. A maioria dos moradores da região nunca tinha visto um helicóptero antes, mas logo eles se acostumaram às pulverizações.
Ao longo dos anos 1980, médicos que visitam as regiões começaram a notar uma variedade de problemas de saúde nos moradores, particularmente entre as crianças, e começaram a suspeitar que o endossulfam fosse o culpado.
Estudos subsequentes (contestados pelas indústrias) ligaram o endossulfam a danos ao sistema nervoso central e a alterações hormonais em mães e bebês.
Quando os pesquisadores compararam crianças e adolescentes de vilarejos onde o endossulfam havia sido pulverizado com populações de lugares onde o agrotóxico não havia sido utilizado no período recente, descobriram que nos locais pulverizados havia níveis muito maiores de reclamações envolvendo problemas de pele, epilepsia e paralisia cerebral.
O Dr. Ravindranath Shanbhag, farmacêutico de 61 anos que foi um dos primeiros a observar o problema e a demandar a proibição do Endossulfam, disse ao Guardian que cerca de 6 mil pessoas foram afetadas no norte de Kerala e no sul de Karnataka.
“Os fabricantes dizem que as preocupações sobre saúde não passam de propaganda espalhada por empresas dos países ricos que querem que as nações em desenvolvimento passem a utilizar produtos mais novos e mais caros e sobre os quais elas ainda detêm os direitos de patente”, explicou Shanbhag. “Mas eu sei a verdade. Eu estive vendo tudo com meus próprios olhos por muitos anos.”
Há muitas evidências empíricas também. Chandika Rai é mãe de Kaushiq, um menino de onze anos que sofre de séria deficiência cerebral. Rai conta que, assim como muitas outras mulheres, esteve exposta a intensa pulverização aérea de endossulfam ao longo de sua gravidez. “Eu via os helicópteros, nós moramos quase dentro da plantação. Mas eu nunca pensei que elas poderiam prejudicar o meu bebê”, diz ela.
No último ano testes encontraram altos níveis de endossulfam ainda no solo e o Dr. Shanbhag teme que dezenas de milhares de crianças ainda por nascer possam ser prejudicadas, e que mais problemas venham com as futuras gerações: “Há centenas de milhares de pessoas agora atingindo a idade adulta que foram expostas ao agrotóxico. O que acontecerá com as crianças que elas planejam ter? Nós simplesmente não sabemos”.
O peso financeiro que as vítimas representam para as suas famílias também é significante. Muitas famílias já são pobres, frequentemente trabalhadores braçais que ganham menos de 8 dólares por dia, quando há trabalho.
Ramesh Kartagea, por exemplo, tem 28 anos, é seriamente incapacitado e é cuidado por sua mãe e duas irmãs. Seu pai trabalha na lavoura e as mulheres são costureiras. A família foi obrigada a vender sua pequena casa para pagar as despesas médicas.
Em setembro último a Suprema Corte da Índia manteve a proibição ao uso do endosulfam, decretada no início de 2011, rejeitando os argumentos de dezenas de fabricantes, que dizem que não há ligação entre o agrotóxico e os problemas de saúde verificados em Kerala e Karnataka.
Os juízes, entretanto, permitiram que as empresas indianas vendam seus estoques de endossulfam para outros países – os poucos onde o produto ainda é permitido.
Familiares das vítimas do endossulfam comemoraram a proibição, mas ressaltam que há muitas pessoas já sofrendo os efeitos do produto.
No Brasil, a Anvisa publicou, em agosto de 2010, a Resolução-RDC nº 28, que determinou o banimento faseado do endossulfam: proibição da importação a partir de 2011, proibição da fabricação em território nacional a partir de 31 de julho de 2012 e proibição da comercialização e do uso (somente) a partir de 31 de julho de 2013.
Essa foi a solução encontrada para que os fabricantes pudessem escoar todos os seus estoques do veneno, evitando prejuízos. Em outras palavras, a saúde de muitas pessoas é mantida sob risco para preservar as finanças das empresas veneneiras.
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Leia, em inglês, a íntegra da matéria publicada pelo The Guardian em 11/01/2012: India's children reap the bitter harvest of endosulfan
 

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