VII Congresso Brasileiro de Agroecologia
Visitas Técnicas de Campo, dia 16 de dezembro de 2011
1. Sistema agroflorestal e Permacultura - Sitio Vale da Biodiversidade
Local: Mulungo – MACIÇO DE BATURITÈ
Distância: 100 km de Fortaleza
O Sítio Vale da Biodiversidade é uma área de 30
hectares de Mata Atlântica localizada em Mulungu,
dentro da APA do Maciço de Baturité, região serrana
do Ceará. Ele foi adquirido em 2000 com o objetivo
de ser uma área de preservação. Na época, apesar
de sem manejo há mais de 10 anos, ele ainda
possuía áreas muito degradadas.
Desde então, foi feito um trabalho contínuo de
reflorestamento e já plantamos milhares de
sementes e mudas. O uso da propriedade foi
planejado de forma a causar o mínimo de impacto
ao meio ambiente, sempre com o cuidado de
preservar os mananciais de água e usamos o
sistema de Agrofloresta (SAF) associado a práticas
de Permacultura. São cultivados alimentos sem uso
de agrotóxicos, produtos químicos ou trabalho
infantil.
O Sítio Vale da Biodiversidade também funciona
como escola ambiental e recebe grupos para visita
ou hospedagem. Tem uma bica e um laguinho,
instalações confortáveis e alimentação deliciosa e
saudável, sem temperos industrializados e com
alimentos de produção própria. Na visita terá uma
apresentação e uma pequena trilha, com a opção de
um banho na bica.
Fotos: Vale da Biodiversidade
2. Centro Agroecológico e Fábrica comunitária de Caju - Barreira
Local: Barreira – MACIÇO DE BATURITÈ
Distância: 80 km de Fortaleza
O Centro Agroecológico - CEAGRO de Barreira
foi iniciado em 2006 e integra hoje diferentes
sistemas produtivos como Sistema
Agroflorestal, horta orgânica, compostagem,
criação de pequenos animais, produção de
mudas e plantas medicinais. Na unidade
demonstrativa são realizados visitas e cursos.
Um dos agricultores incentivados pelo Projeto
Agricultura Familiar, Agroecologia e Mercado,
realizado no Maciço de Baturité pelo Núcleo de
Iniciativas Comunitárias, foi Noberto Mesquita,
que mantém hoje uma produção orgânica
diversificada nas condições do semiárido.
Outra experiência, que será visitada em
Barreira, é a fábrica da Associação Comunitária
de Barreira ACB/PA-Rural, que beneficia
castanha e polpa de caju, sendo o município
um dos maiores produtores de caju orgânico no
Ceará.
Fotos: Arquivo KAS
3. Assentamento Tijuca/Boa Vista:
Agroecologia e turismo comunitário no Sertão
Local: Quixadá – SERTÃO CENTRAL
Distância: 180 km de Fortaleza
Fotos: Arquivo KAS
O Assentamento Boa Vista está localizado no
município de Quixadá, Sertão Central cearense.
Fundado em 28 de outubro de 1999, possui 1.369
hectares de área onde vivem 28 famílias assentadas
trabalhando em sistemas de produção coletivo e
individual.
Entre as principais atividades produtivas,
destacamos a caprinoovicultura, a pisciultura, a
horticultura, o turismo rural comunitário, o manejo
sustentável da Caatinga e o biodigestor.
Tudo isso organizado, planejado, gerenciado e
executado pela comunidade através da Associação
de Moradores do Assentamento Boa Vista, que
viram o turismo comunitário como mais uma opção
na sua busca pelo desenvolvimento da
sustentabiliade local.
A prática agrícola local se diferencia da maioria dos
assentamentos rurais por priorizar integralmente a
produção agroecológica, com práticas sustentáveis
ecologicamente como as hortas orgânicas, a
substituição de gás butano por gás metano, por
exemplo. Além disso, é referência no manejo da
Caatinga e na preservação de importante área deste
bioma.
A primeira experiência de turismo rural comunitário
no sertão cearense tem lugar nesse Assentamento.
O turismo rural de base comunitária, ou
simplesmente turismo comunitário, é uma
experiência inovadora que tem como objetivo
permitir aos visitantes um contato direto e autêntico
com a vida do campo, em especial com o semiárido
e com as pessoas que convivem com a Caatinga de
maneira sustentável através da agricultura familiar e
da valorização das tradições locais.
4.A Associação de Mulheres em Movimento – Conjunto Palmeiras
Local: Conjunto Palmeiras, FORTALEZA
Distância: 10 km
Nascido na década de 1970, Conjunto Palmeiras
está localizado ao sul de Fortaleza e possui mais de
32 mil habitantes vivendo em uma área de
aproximadamente 120 hectares. Por estarem
afastados dos centros de interesses comerciais e
políticos da capital cearense, os moradores do
Conjunto Palmeiras aprenderam desde cedo a lutar
por seus direitos. A organização popular trouxe
além de visibilidade, a conquista de importantes
direitos como água encanada, a construção de
escolas públicas, posto de saúde e, entre outros,
um Centro de Cidadania. Partilhar a sua história
das lutas é uma atividade que pode ser vivida na
prática no Conjunto Palmeiras.
É possível conhecer experiências bem sucedidas de
socioeconômica solidária que visam o
desenvolvimento humano da comunidade, entre
elas o Banco Palmas, conhecido pela sua moeda
social. Banco Palmas é o primeiro dos 52 (em
março de 2011) bancos comunitários com
estruturas semelhantes em todo o Brasil.
A Associação Mulheres em Movimento criou o
Palmatur (ligada ao Banco Palmas) e a Cozinha
Comunitária, contando com o apoio de suas
famílias, e as mulheres fazem a gestão do turismo
comunitário no Conjunto Palmeiras. Ali, elas
oferecem hospedagem e alimentação. Na
Associação, o grupo de turismo está preparado para
mostrar ao visitante uma Fortaleza cheia de
diversidade cultural com seus pontos turísticos
tradicionalmente divulgados e, também, novos
espaços de trocas solidárias e participação popular.
Fotos: Wikipédia
5. Vida vindo da Maré - cultivo de algas marinhas em Flecheiras
Local: Trairi – Litoral Leste
Distância: 130 km de Fortaleza
Flecheiras é a praia mais conhecida e freqüentada do
município de Trairi. É uma comunidade litorânea onde o
turismo convencional já se apresenta bem desenvolvido.
O formato da praia em meia lua compõe uma belíssima
enseada, entre coqueirais verdejantes e dunas de um
branco suave. A prática da pesca artesanal, da coleta de
algas e o turismo são as principais atividades econômicas
dessa gente criativa que vive à beira mar.
Ali, desenvolvem uma das experiências mais bem sucedidas
de cultivo de algas marinhas no país, estimulando a
proteção do meio ambiente. As algas são beneficiadas para
servir como fonte de alimento, além de serem transformadas
em produtos de artesanatos e cosméticos.
Em Flecheiras, a associação tem prazer em apresentar seu
local e forma de trabalhar com as algas, tanto no centro de
produção quanto na área de cultivo no mar. Também se
pode experimentar diferentes receitas que utilizam as algas
cultivadas como matéria prima.
Assim, os visitantes podem compreender, de maneira
diferente e divertida, a importância de desenvolver
estratégias sustentáveis para relacionar-se com o ambiente.
Aliás, educação ambiental em lugar aprazível é a marca
mais forte desta comunidade.
Fotos: Rede TUCUM
6. Abrace o diferente em cultura, natureza e gente!
- a cultura do povo indígena Tapeba
Local: Caucaia – LITORAL OESTE
Distância: 10 km de Fortaleza
Fotos: Rede TUCUM
O povo Tapeba é originário da junção de povos
indígenas como Potiguara, Tremembé, Cariri e Jucá,
etnia que foram agrupadas na Aldeia de Nossa
Senhora dos Prazeres de Caucaia, que deu origem
ao municipio de mesmo nome. São 6.439 indígenas
que vivem distribuídos em 17 comunidades.
Ao adentrar no Território Tapeba, os/as visitantes
vão se deparar com uma riqueza cultural e
ambiental singular. Além disso poderão conhecer
dois equipamentos culturais que se destacam por
reunir um pouco da história desse povo. O Centro de
Produção Cultural Tapeba – CPC e a Memorial
Cacique Perna de Pau.
No CPC os/as visitantes poderão conhecer e
adquirir peças de artesanato indígena, a culinária
local, além de presenciar danças e rituais Tapeba.
No memorial é possível saber mais sobre a história
da resistência Tapeba através de exposições
permanentes que narram a saga de seus
antepassados. O memorial promove exposições
temporárias que apresentam aspectos específicos
de sua cultura e natureza como as exposições
“ENCANTADAS DAS ÁGUAS” e “AMBIENTES
AQUÁTICOS TAPEBA-AVIFAUNA”.
7. Encontros místicos e tradições indígenas- Jenipapo Kanindé
Local: Aquiraz – Litoral Leste
Distância: 50 km de Fortaleza
Fotos: Rede TUCUM
Jenipapo-Kanindé, uma das nove etnias indígenas
reconhecidas no Ceará, vive às margens da Lagoa da
Encantada, em meio a um grande campo de dunas de
cima dos quais é possível apreciar o verde da mata e o
azul do mar ao fundo.
Sua renda básica é proveniente da agricultura familiar, da
pesca na Lagoa e da produção de artesanato. Aos
poucos, o turismo comunitário vai ganhando
importância econômica entre os moradores, já
preparados para realizar diferentes trilhas na mata e
oferecer refeições aos visitantes em uma palhoça de
gestão coletiva - o Cantinho do Jenipapo.
Sempre que possível, os grupos são recepcionados pela
Cacique Pequena, que abençoa a partida para as trilhas.
Entre elas, a do Morro do Urubu merece atenção especial
por proporcionar uma vista panorâmica de toda a terra
indígena e do seu ambiente no entorno - mar, dunas e os
diferentes usos da área. Após subir uma duna de mais de
90 metros de altitude, nada mais refrescante que banharse nas águas relaxantes da Lagoa da Encantada, sendo
mediados pelos guias locais e inspirados nos mitos,
crenças e histórias dos Jenipapo-Kanindé.
8. Garantindo o espaço, preservando vidas - Batoque
Local: Aquiraz – Litoral Leste
Distância: 55 km de Fortaleza
Fotos: Rede TUCUM
Declarada em 5 de junho de 2003, Batoque foi a primeira
Reserva Extrativista do Ceará (RESEX). Esta Unidade de
Conservação se caracteriza e se mantém pelas práticas
ecológicas de uso e exploração que a população local
estabelece com a terra, a lagoa e o mar.
Aqui, 320 famílias vivem na beira do mar, provedor de sua
principal fonte de renda - a pesca. A história de organização
comunitária, a luta contra os especuladores imobiliários e a
conquista do direito ao seu território é transmitida através
das gerações.
Passear pela lagoa, visitar o manguezal, conhecer os
riachos, experimentar as batatas de cultivo
coletivo e almoçar nas barracas na beira da praia ou da
lagoa são as principais marcas desta comunidade.
A acolhida dos visitantes é na Pousada Marisol localizada à
beira da praia e gerenciada pela comunidade. A pousada
foi inaugurada em 2009 e conta com 4 quartos simples e
confortáveis em ambiente aconchegante e espaço mais
reservado na RESEX.
9. Turismo ecológico, Agroecologia, Arte, Artesanato e inclusão
digital –
Prainha do Canto Verde
Local: Beberibe – LITORAL LESTE
Distância: 110 km de Fortaleza
O desenvolvimento do turismo na Prainha do Canto Verde
se diferencia das outras praias do litoral do Brasil porque
visa o desenvolvimento local e a preservação do
ecossistema. Assim consta na declaração de missão
elaborada pelo Conselho de Turismo em 1997:
"Desenvolver o turismo ecológico de forma comunitária
para melhorar a renda e o bem-estar dos moradores:
preservando os nossos valores culturais e os recursos
naturais da nossa região".
Os moradores fornecem hospedagem em hospedarias
simples, mas aconchegantes, servindo refeições com
peixes ou lagostas recém pescados. Outros moradores,
jovens e mulheres criam arte e artesanato que
encontramos na BODEGA da comunidade. Pescadores
oferecem passeios de jangada ou no moderno catamarã a
vela e os jovens condutores de trilha levam os visitantes
para conhecer a comunidade e as trilhas através das
dunas e lagoas.
Investimentos são feitos com as economias próprias e há
um fundo rotativo para pequenos investimentos. A renda e
o lucro do turismo fica na comunidade, alimentando assim
a economia local. A pesca é a principal atividade
econômica na comunidade, o turismo, Agroecologia, arte
artesanato e inclusão digital visam a geração de renda
complementar para as famílias e para que os nossos
jovens possam permanecer na sua terra e viverem uma
vida produtiva e saudável.
O Conselho de Turismo Comunitário administra reservas,
ofertas de pacotes turísticos e a recepção dos visitantes,
organiza cursos profissionalizantes e para melhoria de
qualidade e marketing. Os nossos visitantes são pessoas
que respeitam a natureza, valorizam a diversidade cultural
e a historia da comunidade. Eles desejam um
mundo mais justo e solidário e estão preocupados com o
aquecimento global igual a gente.
Fotos: Rede TUCUM
10. Hortas orgânicas, Sistemas agroflorestais, Apiário e Banco de
sementes - Assentamento Coqueirinho
Local: Fortim – Litoral Leste
Distância: 135 km de Fortaleza
Ainda na década de 90, os atuais moradores do Assentamento
Coqueirinho conquistaram o direito de morar e produzir neste
lugar outrora tão castigado pela criação de cavalos. Neste
percurso, descobriram novas maneiras de cultivar a terra. Hoje,
desenvolvem cultivos de hortas orgânicas, sistemas agroflorestais, apiário e banco de sementes, além de serem
importantes articuladores da Bodega - Nordeste Vivo e Solidário
(rede de socioeconômica solidária de produtores rurais).
Desde o início dos anos 2000, recebem turistas solidários de
projetos em áreas vizinhas. Em 2004, são construídos os
primeiros chalés e esta atividade passa a ter mais importância na
comunidade. Contato com a vida simples do campo e com a
gente batalhadora que reside ali são os atrativos principais de
Coqueirinho. A relação entre visitantes e moradores é reforçada
com um exótico passeio de charrete puxada a boi ou em uma
instigante caminhada pelo assentamento, conhecendo a mata
preservada, os lugares de cultivo agrícola e de criação de animais
e diferentes espécies de plantas e bichos.
Como não poderia ser diferente, a culinária regional é um
atrativo à parte. As deliciosas refeições são preparadas com os
produtos orgânicos ali mesmo produzidos. A comunidade também
oferece estrutura para encontros e reuniões de até 40 pessoas,
dispondo de equipamentos de audiovisual. Tudo isso a partir da
gerência coletiva do empreendimento comunitário Restaurante e
Chalés Sabor da Terra.
Fotos: Rede TUCUM
As visitas 4. – 10. Serão realizadas pela Rede TUCUM.
Mais informações sobre as comunidades da Rede TUCUM:
http://sispub.oktiva.com.br/oktiva.net/2313
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