No momento em que o Brasil vivencia medidas consideradas contrárias à consolidação dos direitos humanos, como a aprovação da redução da maioridade penal e a exclusão de conteúdos sobre gênero dos planos de educação, organizações como a Plataforma Dhesca Brasil, a Justiça Global, o Intervozes e a Nigéria lançam o filme DEFENSORXS, que traz à tona o difícil cotidiano de quem luta em defesa de direitos no país.
Realizado pelo coletivo e produtora cearense Nigéria, o longa aborda realidades de grupos, entidades e movimentos nas cinco regiões do Brasil, onde homens e mulheres resistem aos impactos de grandes obras, como Belo Monte, e defendem a justiça social, o território, a livre orientação sexual e outros direitos fundamentais. Em capítulos, discute o que é ser defensor ou defensora de direitos humanos e traça um panorama documental sobre a resistência de pessoas que buscam melhorias e avanços em suas pautas, mesmo quando ameaçadas – inclusive de morte.
Financiado de forma colaborativa, o filme será lançado na próxima quinta-feira (9), às 19h, no Cinema do Dragão – Fundação Joaquim Nabuco, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza. O filme permanecerá em cartaz entre 10 e 15 de julho. Então, a exibição será sempre às 18h, no mesmo local.
DEFENSORXS também será disponibilizado para exibições coletivas, em todo o país.
Na noite de estreia, cinco defensorxs de direitos humanos do Ceará também serão homenageados, com o objetivo de ressaltar as resistências locais, conforme as organizações organizadoras. Entre eles estão Silvero Pereira, do Coletivo Artístico As Travestidas, e Ivanildo Teixeira, morador da comunidade Lauro Vieira Chaves, uma das atingidas pelas obras da Copa do Mundo na capital cearense. Após a exibição do filme, também haverá debate com os realizadores.
Serviço
Lançamento do filme DEFENSORXS
Data: 9 de julho, às 19h
Local: Cinema do Dragão do Mar
Contatos: Roger Pires (Nigéria – 98775.7081) | Helena Martins (Intervozes – 99608.0031)
CONHEÇA AS HISTÓRIAS RETRATADAS NOS CAPÍTULOS DE DEFENSORXS
1. TEKOHA
O filme tem início com capítulo sobre a luta indígena. No Mato Grosso do Sul, o povo Guarani e Kaiowá passa por um momento de tensão e conflitos pelo território. A morte da indígena Marinalva aconteceu exatamente durante as gravações de DEFENSORXS. No filme, há um paralelo entre a renovação da tribo, com as imagens das crianças, e as angústias causadas pelas privações de direitos e pelas ameaças constantes de mortes.
2. ENGRAVATADOS
Em seguida, o filme adentra os corredores e salas frias do Poder Público e mostra o cotidiano de parlamentares e do sistema Judiciário em relação aos direitos humanos, especificamente no Ceará. A participação social é retratada em uma audiência pública em que organizações que defendem os direitos de crianças e adolescentes reivindicam mais orçamento para políticas públicas.
3. TODAS AS CORES
Fernanda, com uma coroa na cabeça e roupa de rainha de bateria, abre o capítulo 3. Em Curitiba, Márcio e Rafaelly conduzem a narrativa e mostram como as atividades de ONGs e Associações são fundamentais para os direitos dos LGBTs e como essas populações ainda sofrem preconceito no país.
4. IMPACTOS DE BELO MONTE
Em Vitória de Belo Monte, na região Norte, o espectador é convidado a conhecer de perto a situação que pode ser apontada, hoje, como a maior violação em curso no país: os impactos das obras da usina de Belo Monte. O rio e as lágrimas dos defensorxs são agredidos pelo som das máquinas que constroem a usina que está prestes a entrar em operação. O Xingu sofre o impacto do ‘progresso’ e os ribeirinhos estão sem peixe, território e identidade.
5. A LUTA É PRA VALER
A garra e as conquistas do movimento de moradia encaminham o filme para o fim. O maior espaço urbano do país, São Paulo, é também um dos mais desiguais e muitas pessoas precisam de um lugar para viver. O MTST tem conquistado vitórias nesse campo e é um dos principais movimentos sociais na atual conjuntura. No filme, o cotidiano das ocupações do movimento e dos atos massivos que ele realiza são problematizados.
DOS MESMOS REALIZADORES DE COM VANDALISMO
DEFENSORXS é uma realização do coletivo e produtora Nigéria, que produziu o longa com orçamento bastante reduzido, se comparado às produções do cinema comercial. “Usamos R$ 40 mil para pesquisar, roteirizar, viajar para quatro cidades do Brasil, alugar equipamentos e ainda pagar uma equipe mínima, quase sempre composta por três pessoas meio que fazendo tudo”, explica o integrante da Nigéria, Roger Pires.
O coletivo de Fortaleza realizou, em 2013, o longa COM VANDALISMO, já com mais de 210 mil visualizações no YouTube e diversas exibições públicas. É autor também de documentários de curta duração e reportagens para internet e TV.
CURIOSIDADES
FINANCIAMENTO COLABORATIVO NO CATARSE
O filme DEFENSORXS foi bem sucedido no site Catarse e conseguiu financiamento do público para realizar a fase de finalização e adaptação técnica para cinema – mixagem de som, correção de cor, legenda e identidade visual.
O X DA QUESTÃO
A grafia do título do filme sugere a apropriação por todos os gêneros, sendo a pronuncia correta “defensores e defensoras”.
PRODUÇÃO COLETIVA
O filme nasce da campanha SOMOS TODXS DEFENSORXS, realizada pelas organizações Intervozes, Palataforma DHesca, Justiça Global e MNDH. O apoio é do Fundo Brasil de Direitos Humanos.
A equipe do filme contou com 3 pessoas por gravação, revezando as funções e sem hierarquia. Com câmeras HDSLR, microfones e gravadores portáteis, a equipe investiu muito tempo e trabalho na montagem do filme, onde cada membro do coletivo editou um capítulo.
DEPOIMENTOS
Antes do filme, foram produzidos depoimentos individuais de defensores e defensoras de direitos humanos que guiaram boa parte da pesquisa para o filme. Esse vídeos estão disponíveis no
canal da campanha SOMOS TODXS DEFENSORXS no YouTube.
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