Danos causados pela indústria florestal são ambientais e sociais. Foto: Reprodução. |
Segundo ela, os órgãos públicos da região de Bío-Bío, onde se localiza a Província de Arauco, disponibiliza informações apenas sobre os pontos de captação de água, deixando população e especialistas sem saberem a procedência da água e a quantidade disponível desse recurso. "Isso é grave, já que evidencia que o modelo econômico baseado na extração florestal, que predomina em Bío-Bío, se definiu e define dando as costas para as características e informação do território”, alerta Marien.
"Portanto, a ordenação territorial se baseia, unicamente, nas margens dos benefícios que podem ter o Estado ou os capitais privados, mas sem conhecer, entre outras coisas, se as características ecológicas do território podem sustentá-los”, acrescenta a pesquisadora.
Outro dado grave seria o mal uso de dados pluviométricos por parte de representantes governamentais. De acordo com Marien, dados científicos ou ambientais são utilizados com interesses específicos de certos setores e pessoas, sustentando argumentos para a implementação de novas políticas na região.
"Especialmente, em contextos rurais, os dados empíricos que estejam assinados por engenheiros, licenciados etc. (...) costumam dar uma legitimidade em nível local que é difícil de contestar”, explica. "Os dados apoiavam o discurso geral que se pretende [dar] a partir da institucionalidade pública e privada no sul do Chile: a mensagem que se quer dar é ‘se falta água aqui, a culpa é da mudança climática, nós não temos nada a ver’”, aponta a pesquisadora.
Pesquisadora Marien González-Hidalgo é autora do informe. Foto: Reprodução. |
"A propriedade florestal no Chile está altamente concentrada em grandes e médios proprietários. A maioria do trabalho é subcontratada e temporária. As comunidades (...) veem comprometido o acesso à água, a produtos florestais não madeireiros, a espaços de relevância espiritual, ritual e territorial; como denunciam várias comunidades mapuche”, conta. "Basta visitar o território e escutar quem os habita para ver que o extrativismo florestal está criando pobreza para muitos e muitas no Chile”, assevera Marien.
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