Posted: 04 Oct 2014 03:06 AM PDT
Ontem ultrapassamos fronteiras e nos embrenhamos por outros rincões do Sertão de São Francisco. Estivemos em Curaçá, município vizinho de Uauá e visitamos uma escola rural, um pequeno criador de frangos e uma horta comunitária.
Chegamos à escola bem na hora da merenda e os alunos comiam um prato de macarrão branquelo e mole com umas lascas de sardinha em lata. Fiquei impressionada de ver a dispensa: mistura pronta pra arroz doce, mistura pronta pra risoto, mistura pronta pra curau, sacos de leite em pó, açúcar, sardinha, massa de tomate, macarrão, biscoito, mistura para cuscuz. As misturas, todas elas com acréscimo de gordura vegetal hidrogenada, corantes, conservantes, acidulantes e aromatizantes. O cardápio pregado na parede já é pobre nutricionalmente, mas o que se pratica é ainda pior, é feito do que é possível. Diretoras e merendeiras têm que fazer das tripas coração para conseguir fazer alguma comida com aqueles produtos da dispensa. Para ganhar algum ar de comida, trazem alho, coentro e cebola de casa. As merendeiras não têm capacitação e trabalham sem uniforme, com unhas grandes e pintadas, com cabelo solto, em cozinhas precárias, com geladeira doméstica, quando tem. Algumas trabalham em várias funções. Algumas tratam os alunos com delicadeza, outras, servem a comida como quem dá comida aos porcos. Com as mãos, uma merendeira de uma escola que visitei pega um lanche seco e entrega displicentemente aos alunos - vi um pão aberto, seco, recheado com uma única fatia de mortadela, por exemplo. Em muitas escolas, nem mesa de preparo na cozinha tem. Refeitório, a maioria não tem. Os alunos pegam os lanches e saem pelo pátio árido e nada acolhedor para abocanhar sua ração. E tratam aquilo não como comida mas apenas como combustível - ou munição -, por isto não é raro ver guerra de cream cracker, maçãs ou melancia nos páteos. Nas escolas rurais não chegam produtos da agricultura familiar, pois o município prefere gastar os 30% que lhe cabe nas escolas urbanas, por questão logística. É mais fácil a distribuição de bananas, por exemplo, nas escolas da cidade, pois são todas perto umas das outras. Já as escolas rurais sofrem todos os tipos de castigo e lhes restam estes alimentos pré-prontos. E justo estes alunos são os que moram longe, em fazendas precárias, sem plantações, com menos acesso a frutas e verduras, e saem bem cedo de casa, enfrentando longas distâncias de estradas esburacadas. Às 10 horas eles estão morrendo de fome e o que tem é biscoito com leite diluído com café ou um cuscuz seco com soja (a proteína preferida pois vem seca e não precisa de refrigeração) que é servido com água. Então, aquela história de que a merenda deve suprir 30% das recomendações nutricionais do dia, esqueça. É inconcebível pensar numa escola rural sem uma horta sequer, sem uma fruta fresca ou um legume ou uma folha, sem um recanto agradável com sombra e mesas para os alunos comerem com dignidade. Mas elas existem e estão espalhadas por todo o Brasil, como aquela de Acrelândia. E depois queremos um mundo melhor, com adultos recheados de valores éticos e morais. Como, se nossas crianças são tratadas e alimentadas desta forma? Mas, tudo bem, ontem teve bons exemplos também. Conhecemos, na comunidade Cachoeira, em Curaçá, uma horta comunitária tocada por dez famílias com muita gente jovem. O terreno, as sementes e a assistência são doações de uma mineradora da região, não porque ela é caridosa, mas como forma de minimizar os estragos ambientais que fiz por ali. Mas vou falar das coisas boas. Cada família cuida do seu pequeno espaço de 75 por 9 metros e ali produz, irrigando direto na terra, ou molhando a terra com regador, berinjelas, coentro, repolhos, couves, repolho, mamão, entre outros itens. Berinjela é como se fosse uma panc (planta alimentícia não convencional), porque não tem saída, ninguém sabe o que se faz com ela, e assim amadurece no pé. Jiló e manjericão, a mesma coisa. O manjericão é plantado só para as abelhas. Visitamos ainda uma pequena granja onde as galinhas recebem não só milho, soja e complementos minerais e vitamínicos, mas também folhas de leucena e mamões plantados só pra elas ali na propriedade, que se vira sem energia elétrica. Algumas fotos.
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Páginas
Princípios da Agroecologia
Agricultura sustentável tem que considerar aspectos socioeconômicos e culturais dos grupos sociais implicados. Não basta proteger e melhorar o solo ou a produtividade agrícola se não resulta em melhorias nas condições de vida das pessoas envolvidas. Portanto, agricultura sustentável é um conceito que implica aspectos políticos e ideológicos que tem a ver com o conceito de cidadania e libertação dos esquemas de dominação impostos por setores de nossa própria sociedade e por interesses econômicos de grandes grupos, de modo que não se pode abordar o tema reduzindo outra vez as questões técnicas.
Francisco Roberto Caporal
http://www.aba-agroecologia.org.br/
grãos
Como os lobos mudam rios
Como se processa os animais que comemos
Rio Banabuiu
A VERDADE SOBRE O CANCER
domingo, 5 de outubro de 2014
Gratidao, Neide Rigo!
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
Ano Internacional da Agricultura Familiar
Sementes da Duvida
Seeds of Doubt Conference
Speakers include: Jeffrey M. Smith - Best-selling author of Seeds of Deception and Genetic Roulette; Don Huber, PhD - Emeritus Professor of Plant Pathology, Purdue University; Michael Antoniou, PhD Dept of Medical and Molecular Genetics Kings College School of Medicine, London, co-author “GMO Myths & Truths”; Gilles-Eric Séralini, PhD - Molecular Biology Professor at Caen University, France; Dave Murphy - Founder and executive director of Food Democracy Now; Robyn O’Brien - author of “The Unhealthy Truth”, Steven Druker - public interest attorney who founded the Alliance for Bio-Integrity, author of “Altered Genes, Twisted Truth”; Dr. Jill Carnahan, MD
- Flatiron Functional Medicine Boulder Colorado, A Physicians
perspective: How growing up a farmer’s daughter inspired me to make a
difference; Mike Callicrate - Organic Farmer, Callicrate Cattle Company, and more to follow…..The 3rd Global GMO Educational Event of the Year October 11, 2014 with Jeffrey Smith in Colorado, 8:00am – 6:00pm World-renowned experts, professional and local authorities will present the latest scientific research on GMOs and their impact on our health and the environment. Conference Objectives:
Location: Omni Interlocken Resort & Spa, 500 Interlocken Boulevard, Broomfield, CO 80020 Cost: $ 79.00 (lunch included), VIP Seating available Seating is Limited – Register Early www.SeedsofDoubtConference.com Thanks! In This Together! Safe eating begins with INFORMED eating! The small but mighty IRT team! |
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quinta-feira, 19 de junho de 2014
Anteprojeto sobre agrobiodiversidade ignora direitos de agricultores familiares e indígenas
O Ministério da Agricultura (Mapa) elaborou um anteprojeto de lei para regular o acesso e o uso da agrobiodiversidade. A proposta desrespeita e restringe os direitos dos agricultores familiares, populações indígenas, tradicionais e locais, que são os principais responsáveis pela conservação e uso sustentável da biodiversidade agrícola brasileira. O anteprojeto foi elaborado sem qualquer participação das organizações e dos movimentos sociais representativos dessas comunidades. (O anteprojeto e sua exposição de motivos não eram conhecidos do público e podem ser acessados aqui).
(b) o direito à repartição equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos fitogenéticos para a alimentação e a agricultura; e
(c) o direito de participar na tomada de decisões, em nível nacional, sobre assuntos relacionados à conservação e ao uso sustentável dos recursos fitogenéticos para a alimentação e a agricultura.
Fonte: http://www.socioambiental.org/pt-br/blog/blog-do-ppds
quarta-feira, 18 de junho de 2014
2014 - Ano Internacional da Agricultura Familiar
“2014: International Year of Family Farming”: Gimmick or precedent to change current production models?
[1] Note by the organization: Although India’s acceptance to create a food safety stock at the last conference in Bali has opened opportunities, this would represent a breach for DCs to change the international rules in this regard
http://solidarite.asso.fr/2014-International-Year-of-Family
Sementes /Terezinha Dias
Povo Xavante recebe
36 variedades de feijão-fava armazenadas
no banco genético da Embrapa
As sementes foram conservadas e multiplicadas ex situ no banco de conservação de sementes da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília. O Banco conta com variedades tradicionais coletadas ao longo de quase 40 anos em diversas regiões do Brasil. Dependendo do tipo de espécie a ser armazenada, a Embrapa aplica diferentes metodologias.
Algumas que podem ser conservadas em câmaras frias após perderem umidade (as ortodoxas) são contadas, pesadas, sua umidade é estimada e, se necessário, elas ficam em câmaras de secagem. Depois de atingida a umidade desejada, elas são empacotadas em embalagens de alumínio e podem ficar armazenadas a 20 graus negativos, ou de cinco a 10 graus positivos.
"Há também outras formas de conservação ex situ: in vitro (em tubos de ensaio, em meios de cultura) e também o congelamento em nitrogênio líquido. Essas duas formas de conservação normalmente são usadas para culturas que não podem ter as sementes resfriadas, como a mandioca e outras espécies nativas. Outra forma de conservação que realizamos é a manutenção das plantas em campo, nas unidades da Embrapa", explica Marília Lobo Burle, supervisora do Sistema de Curadorias de Germoplasma da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
De acordo com a pesquisadora, "todas as variedades mantidas em nossos bancos têm dados de passaporte – que informam de onde o material foi obtido, local de coleta, nome do proprietário da terra que forneceu, data da coleta, nome comum que o produtor dá, informações do ambiente de coleta, etc. – e através disso sabemos prontamente se elas vieram de área indígena ou não".
Terezinha Dias, também pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e coordenadora do projeto conduzido em parceria entre a Embrapa e o Povo Indígena Krahô, completa: "Um pesquisador que queira fazer pesquisa que acesse o patrimônio genético indígena tem que construir com a comunidade um processo de autorização (Anuência Prévia Informada) e encaminhar todo o procedimento para avaliação do Conselho Gestor do Patrimônio Genético (CGEN). Assim, para evitar a "pirataria" a comunidade deve ficar atenta se a empresa e/ou pesquisador está ou não cumprindo a legislação brasileira", orienta.
Dos Krahô para os Xavante
Das 36 variedades de fava, 19 foram doadas aos Xavante pelo povo indígena Krahô, que detêm 30 variedades dessa espécie em suas roças, localizadas no estado de Tocantins. Diante do processo de substituição de espécies crioulas por cultivares "mais produtivas", o povo indígena Krahô perdeu suas sementes tradicionalmente cultivadas. O mesmo processo também ocorreu em diversas outras áreas. Nos anos 70, um projeto de rizicultura implementado pela Funai entre os Xavante provocou a predominância do monocultivo de arroz em detrimento de outras variedades cultivadas pelas comunidades.Quarenta anos atrás, a Embrapa começou a coletar sementes em terras indígenas, armazenando-as em bancos genéticos, possibilitando a povos como os Krahôs, a recuperação de algumas de suas variedades perdidas. E, consequentemente, proporcionando que as espécies recuperadas ajudassem também outros grupos. Assim, em setembro deste ano, 32 famílias de Marãiwatsédé receberam as variedades de fava para o plantio em roças. Os anciãos lembraram de espécies que não cultivam mais e chamam as favas de WaduHöbo, na língua Xavante (tipo feijão grande).
Em 2012, o pesquisador Nuno Madeira, da Embrapa Hortaliças, doou variedades de batata-doce como a Beauregard, que possuem altos teores de vitamina, além de inhames, taro japonês, arararuta e outros, também havendo hortaliças não convencionais como o ora-pro-nobis e bertalha.
"A ideia é que os Xavante de Marãiwatsédé possam multiplicar as sementes, tubérculos e hortaliças entregues pelas duas unidades da Embrapa, que exerce importante papel ao incentivar que comunidades tradicionais recuperem variedades perdidas e possam conservá-las cultivando-as no local novamente", aponta Sayonara Silva, indigenista da OPAN.
Por inúmeros fatores ocorridos ao longo do tempo, como pressões advindas das frentes de colonização, monocultivo de espécies hibridas em detrimento das tradicionais e processos de transição entre territórios, muitos povos indígenas perderam sementes cultivadas em suas roças. No caso do povo Xavante de Marãiwatsédé, ao serem transferidos compulsoriamente de seu território nos anos 60, variedades como as de milho Nodzö foram perdidas e recuperadas também com apoio da Embrapa.
Desde 2009, a OPAN apoia trabalhos pela soberania alimentar do povo Xavante de Marãiwatsédépor por meio da diversificação de cultivares nas roças e quintais (tradicionais e/ou exóticos), expedições territoriais (coleta, caça, pesca), implementação de unidades demonstrativas de restauro florestal e outros, levando em consideração o conhecimento tradicional e os princípios agroflorestais. Mais recentemente, mulheres coletoras de sementes em Marãiwatsédé formaram o grupo "PiõRómnhaMa´u´bumrõi´wa" vinculado à Rede de Sementes do Xingu, que vem fortalecendo as estratégias de coleta, beneficiamento e plantio dentro do território.
Este tipo de ação faz parte de uma estratégia complementar para salvaguarda desse patrimônio entre os indígenas. "Para garantir que não se perca a agrobiodiversidade indígena é importante valorizar pessoas e processos que se relacionam à conservação local dos recursos genéticos. A promoção de feiras de intercâmbio de sementes e de experiências e a valorização dos guardiões da agrobiodiversidade são fundamentais, assim como bons programas relacionados à alimentação e aos produtos agroextrativistas locais. É muito importante que os povos indígenas possam também contar com o apoio dos bancos genéticos para apoiá-los na conservação de recursos genéticos a longo prazo", finaliza Terezinha Dias.
Serviço:
Para solicitar material genético à Embrapa é preciso entrar em contato com a Supervisão de Curadorias da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia por meio do endereço: cenargen.sac@embrapa.br, pelos telefones (61) 3340-3663 ou 3448-4770, via carta ou comparecimento à Unidade, localizada no Parque Estação Biológica (PqEB), na Av. W5 Norte (final)
Caixa Postal 02372 – Brasília, DF - Brasil - 70770-917. Os pedidos também podem ser feitos diretamente nas unidades descentralizadas da Embrapa. É importante comunicar as solicitações à representante da Embrapa no Convênio de Cooperação com a Funai, Terezinha Dias, pelo e-mail: terezinha.dias@embrapa.br
Contatos com a imprensa
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Andreia Fanzeres
comunicacao@amazonianativa.org.br
Telefones: (65) 3322-2980 / (65) 8476-5620
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A Campanha tem o objetivo de alertar a população sobre os perigos dos agrotóxicos, pressionar governos e propor um modelo de agricultura saudável para todas e todos, baseado na agroecologia.
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